sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Educação sem limites?


“Educai as crianças para não termos de punir os adultos” Sócrates.

Quando acontece algum ato errado ser praticado por um cidadão, principalmente se jovem e pobre, é muito comum uma grande parte das pessoas, quase que imediata e automaticamente, culpar a falta de educação por essa ação.
“Ah, isso aconteceu porque o pobre moço, não recebeu a educação devida...” ouve-se repetidamente nos noticiários e entrevistas da mídia e na imprensa em geral, principalmente da parte de intelectuais ditos de esquerda, de muitos jornalistas idealistas ou de políticos demagogos, que logo procuram polemizar o assunto, culpando a Sociedade pelos atos errados da juventude em geral, numa sistemática inversão de valores, que transforma um intencional e consciente transgressor numa inocente vítima da “sociedade consumista”... Cabe aqui perguntar: e neste caso, onde fica a responsabilidade dos pais, os que verdadeiramente deveriam responder pelo adolescente?
Surge assim uma grande dificuldade na identificação e definição da educação que falhou neste ou em outros casos. A que tipo de educação se referem as pessoas quando a acusam como causa principal da má ação? Pois podemos aqui enumerar dezenas de tipos de educação: a artística, a moral, a científica, a musical, a religiosa, a espartana, etc,... Mas qual a educação que falhou? Que tipo de educação deveria ter sido dada ao infrator para que o resultado fosse outro, o correto e ideal?
É devido a essa grande diversidade de tipos de educação que faz com que o termo fique muito impreciso e vago, e por isso mesmo é muito utilizado por políticos vigaristas, que dizem uma coisa e pensam outra... Não estão as promessas desses políticos cheias de afirmações como “Vamos fazer escolas e melhorar a educação dos jovens...” e que depois de eleitos, nada fazem de útil?...
Mas afinal, o que é educar? Aqui também temos um vasto campo de escolhas e de análises, mas em resumo, podemos dizer que educar é preparar uma criança para a vida, para ser um cidadão útil e feliz na Sociedade. Terá assim de receber e assimilar um conjunto de conhecimentos e de regras de conduta, de maneira a ser um vencedor na luta pela vida, um cidadão desenvolvido, produtivo, útil e pleno, bem inserido na sociedade.
A partir dos anos 60, tornou-se muito popular um tipo de educação que querem classificar como “moderna”, aparentemente uma educação ideal para os jovens, sem traumas e sem reprimendas, supostamente orientada para o desenvolvimento pleno da liberdade e da não-violência, baseada em hipóteses de hoje ultrapassadas ideologias sócio-políticas e como resultado da aplicação dos conceitos de teorias pseudo-científicas e freudianas do tal “deformante e pernicioso trauma psicológico”. A regra principal dessa educação seria então não provocar nenhum trauma nos jovens, evitando toda a reprimenda mais violenta, pois isso poderia acarretar numa deformação indesejada da sua personalidade para a vida inteira... Seria o tal jovem traumatizado pela violência familiar, que, como reação natural, se vinga na Sociedade com violência e criminalidade... Seria então só amor e nenhuma repressão...
Procurando aplicar essas teorias, muitos pais evitam assim contrariar ou castigar os filhos, com medo de provocar esses traumas que poderiam prejudicar a vida futura de seus educandos... O mesmo acontece nas escolas, onde os professores, sem autoridade e sem apoio social, mal podem sugerir punições ou mesmo corrigir condutas, antes consideradas incorretas e imediatamente reprimidas. Passam assim essas crianças a viver nas casas e nas escolas como num mundo ilusório, sem baias, sem problemas a resolver e sem obstáculos a vencer, sem freio da agressividade natural humana, sem respeito à liberdade e aos direitos dos outros cidadãos... A máxima de convivência social de que “...a minha liberdade termina onde começa a liberdade dos outros...” não se aplica mais, pois, depois da criação de constituições, de leis e de estatutos idealistas e alienantes, baseada nos tais “direitos humanos dos desumanos”, os direitos dos indivíduos passaram a se sobrepor aos direitos das maiorias, a impunidade e o perdão são regra geral e exageradamente utilizada, os direitos de um só indivíduo ou de uma pequena comunidade passaram a ser mais importantes que o direito da Sociedade em geral... Conforme resultados de pesquisas, os resultados dessa educação dita “moderna” têm sido péssimos, com um crescimento exponencial da violência urbana, com uma indisciplina social e escolar sem controle e com um descumprimento cada vez maior dos deveres dos cidadãos...
Mas a experiência milenar da Humanidade e o conhecimento científico pavloviano nos mostra que educar é um conjunto de relativos traumas, que servem para marcar bem os caminhos a serem seguidos pelos jovens e futuros adultos, balizando bem os modos de se conduzir dentro e fora de casa. Se os pais, enganados por essas irreais teorias de intelectuais alienados da realidade da vida, não coibirem e não controlarem a atuação de seus filhos por temerem traumatizá-los, esse indispensável trauma educacional virá mais tarde na forma de problemas com a justiça, de confrontos com a polícia ou conflitos com vizinhos e colegas de trabalho...
É certo que um pai não deve ser exageradamente ríspido e severo, castigando com violência seus filhos, provocando traumas exageradamente grandes, mas sim deve dirigir a ação das crianças de modo firme e esclarecido, em diálogo aberto e franco, encaminhando com energia e inteligência os educandos para a superação das dificuldades da vida. Um pai nunca deve substituir um filho nas ações da vida, mas sim encaminhá-lo e guiá-lo na ultrapassagem dos obstáculos. Como exemplo, podemos lembrar que não adianta explicar mil vezes a uma criança que a chama de uma vela queima os dedos e que nos devemos afastar dela; inevitavelmente a criança um dia vai experimentar colocar o dedo na chama, sofrerá um choque térmico na pele e esse pequeno trauma a educará para sempre, não esquecendo nunca mais que fogo provoca dor e é um perigo para o corpo...
Uma educação eficaz e completa deve servir para desenvolver as qualidade natas ou não duma pessoa, descobrir quais as fraquezas a serem vencidas e quais as qualidades a aumentar, formar a moral e a ética do cidadão, fortalecer a sua personalidade, desenvolver a resistência aos insucessos, às intempéries e ao tempo, aumentar o vigor físico do corpo... “Mens sana in corpore sanu” era a máxima educacional dos gregos e dos romanos, propondo um equilibrado desenvolvimento do corpo e da mente.
Nessa linha clássica de pensamento, a educação do tipo espartana é uma das que, por séculos e séculos, sempre deu dos melhores resultados. Também o escutismo é um dos processos educacionais comprovadamente de grande valia na formação dos cidadãos, preparando-os para vencerem as adversidades da vida.
Assim podemos dizer que as bases de uma educação completa são a disciplina externa e interna, o auto-controle psico-físico, a lógica do pensamento, o amor ao trabalho e ao estudo, a busca da excelência e da precisão na execução das tarefas, a maior resistência perante as dificuldades naturais e sociais, o conhecimento científico dos fenômenos da Natureza e do Homem, a descoberta do Belo através das artes e da cultura.
Devido às radicais alterações dos condicionantes sociais da vida moderna, a família ficou em dificuldades e cada vez menos consegue cumprir as suas obrigações para com a educação da juventude. Essa clara progressiva falência da família no século XX e XXI nos obriga a procurar substitutos para a importante causa da responsabilidade pela educação dos jovens. Essa função caberia assim, por exclusão e na opinião de muitos especialistas, à escola e aos professores, que seriam a partir de agora, não somente transmissores de conhecimentos culturais e científicos, mas também formadores de conscientes cidadãos, completos e desenvolvidos.

domingo, 3 de junho de 2007

O pensamento fundamentalista por princípios

Raciocinar é conduzir um fluxo de ideias e pensamentos por um caminho controlado pela lógica, o que podemos dizer que seria algo semelhante a conduzirmos uma viatura por uma estrada em que as balizas e os sinais de trânsito seriam os princípios em que acreditamos e que nos guiam na solução dos problemas da vida.
Todos nós estamos habituados a apreciar e eneltecer os homens e as mulheres de princípios, considerados como gente séria e responsável, que obedecem aos ditames da consciência, das leis e da tradição. Nos meus tempos de rapaz, a frase "Ah, esse senhor tem princípios..." soava como um grande elogio.
Acontece que o manejo da vida real é muito variado e multifacetado, e por vezes os princípios têm de ser adaptados à realidade mutável, sob o risco de se cair na rigidez fundamentalista do pensamento por princípios, num idealismo poético e alienado e de não sermos científicos e eficientes na abordagem dos problemas.
Um bom exemplo dessa quebra dos princípios é dado pela própria Ciência, onde as leis científicas, que procuram refletir a realidade, estão cheias de exceções e variantes, e se aperfeiçoam constantemente.
Para exemplificar o assunto, me vem à memória a entrevista na TV dada por um senhor político de esquerda, muito conhecido no Sul e Sudeste, e que tipificou o que se pode chamar de pensamento rígido e escolástico: defendia inflexível e ferozmente esse procurador a absoluta e total proibição do aborto, mesmo nos casos legais permitidos no Brasil, que são de perigo de vida da parturiente ou em caso de violência com estupro, pois repetia ele "...se permitirmos o aborto nesses casos, se abrirmos essas exceções, teremos de aceitar todos os outros casos...".
Este é um caso típico da rigidez dos princípios, usados quase que como os dogmas religiosos, intocáveis, indiscutíveis e imutáveis, mesmo que a realidade da vida, o bom senso e a lógica nos mostrem que são aceitáveis essas quebras legais do princípio que dirige a proibição do aborto, que podemos enunciar assim: "Desde o momento em que acontece a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, há a iniciação de um novo ser humano, e portanto um aborto provocado é automaticamente equiparado a um assassinato, e logo legalmente punível...". A discussão científica de quando começa um indivíduo e acaba um feto, dos problemas sócio-economicos que se desenvolvem em volta dos nascimentos de crianças indesejadas ou deformadas, isso não interessa a esses fundamentalistas. O princípio geral e irrestrito tem de prevalecer a qualquer custo, cegamente, haja ou não lógica nele...
Um outro exemplo muito ilucidativo desse pensamento fundamentalista e por rígidos princípios foi o debate que aconteceu há pouco tempo na TV da BBC londrina, cujo tema foi a discussão sobre a possibilidade de legalização da tortura, em casos muito especiais, com aprovação do juiz e sob supervisão médica.
De um lado havia dois homens, pertencentes a equipes que lutam contra a marginalidade e o terror no mundo; do outro, duas mulheres, uma delas vítima de prisão política do ex-ditador Sadan, e que se declararam totalmente contra a tortura, fossem quais fossem as circunstâncias reais do caso.
A discussão foi muito interessante, pois esses dois senhores, com muita experiência das realidades da vida, deram exemplos de casos reais em que, se fosse permitida a prévia tortura, centenas de vidas inocentes poderiam ter sido poupadas, como no caso da descoberta de redes terroristas em preparação de atos criminosos ou de se desvendar com antecedência ações de explosão de aviões ou de guerrilha urbana, que resultaram em centenas de assassinatos gratuitos.
Ficou bem claro que estes dois senhores se declararam de convicções democráticas e totalmente a favor dos direitos humanos dos prisioneiros e contra a tortura usada como método discricionário e terrorista, e que a tortura a que se referiam não era aquele tipo violento e hediondo, usado por regimes totalitários, a que estamos acostumados a ouvir, como arrancar as unhas ou obrigar a pessoa a beber água até morrer, mas sim métodos modernos de extração de informações, como injeções da verdade ou pressão psicológica.
Não adiantou a firme explicação dos casos reais pelos dois senhores, perante a cega teimosia das duas mulheres que, eivadas do típico raciocínio reacionário e escolástico, num idealismo rígido e generalista, não admitiram a tortura em nenhum caso, mesmo que fosse justificadamente para salvar inúmeras vítimas inocentes.
Aqui também aparece um aspeto constante e prático da vida, que nos revela que as mulheres são mais idealistas e poéticas, pensam mais com o coração, são menos racionais que os homens, se mostram mais separadas da realidade das ruas, habituadas que estão atavicamente a ficarem em casa e na proteção dos lares.
Nestes dois exemplos podemos antever o mal que podem causar esses pensamentos afastados da realidade e que assim levam as sociedades para situações agudas de impasse, que poderiam ser resolvidas mais eficiente e rapidamente, se não ouvesse o travão dos pequenos mas ativos grupos de pressão regidos por essa mentalidade escolástica e fundamentalista.
Alguém disse com justeza que "Idéias e pensamentos errados levam certa e inevitavelmente a ações e resultados inconvenientes"...
Enquanto não corrigirmos a mentalidade escolástica do povo e dos intelectuais, continuaremos errando e patinando na estrada da riqueza e do progresso...

sexta-feira, 25 de maio de 2007

A mentalidade comum está certa?

"Para se mudar o futuro de um povo temos de mudar a sua mentalidade e os princípios em que ele acredita..." Jean Jacques Rousseau.
Desde tempos imemoriais, a Humanidade vinha crescendo lenta e ecologicamente equilibrada, na procura da sua sobrevivência, buscando vencer as muitas dificuldades terrenas, perseguindo a melhoria da vida e a solução do problema capital-trabalho-resultados, mas sem grandes avanços...
A vida na Terra sempre foi muito difícil e sofrida, cheia de obstáculos e precariedades, com lutas contra os animais ferozes, com as fatais doenças e epidemias, as mortíferas fomes, as eternas guerras entre os povos, as violentas tempestades, tremores de terra, raios e enchentes, a inexistência de segurança perante os mais agressivos e fortes, etc. Na quase total ignorância dos fenômenos naturais, no desespero das derrotas e na falta de explicações perante os fatos, os homens procuraram desvendar a realidade do mundo, criando pesadas e complicadas estruturas idealistas, construíram ilusórias revelações politeístas e milagrosas, desenvolveram misteriosas teologias com paraísos somente atingíveis depois de uma vida de sofrimento e após a morte...
Com o tempo foram assim se desenvolvendo e difundindo paradigmas até hoje muito vivos, como a solução da miséria pela distribuição das riquezas existentes, o ódio aos ricos e aos bem sucedidos, a inveja como reação perante as vitórias dos vizinhos, a hipocrisia como defesa contra a violência e a opressão, a falsidade como meio sorrateiro de conseguir vantagens e progresso na vida, o populismo como manipulação das massas humanas...
Foi somente há pouco mais de 300 anos, com o fantástico desenvolvimento e a sistemática aplicação dos métodos científicos para solução dos problemas humanos que, pouco a pouco, se vislumbrou a possibilidade de criarmos um verdadeiro Paraíso aqui mesmo na Terra, onde vivemos e nos multiplicamos... O Paraíso possível, se todos quiséssemos...
No entanto, com todas essas grandes vitórias da Ciência sobre os males naturais, com a difusão das vacinas, da higiene, da medicina e da farmacologia, um novo problema e sim este extremamente grave, surgiu: o crescimento predatório e anti-ecológico da população, a explosão demográfica não sustentável da Humanidade...
Depois de milhões e milhões de anos de lento e equilibrado desenvolvimento, a população mundial atingiu os 250 milhões no tempo de Jesus Cristo, o primeiro bilhão por volta do ano 1800; e hoje, somente duzentos anos depois, atingimos a incrível quantidade dos 6,5 bilhões de seres humanos... E continuando a crescer como estamos, anualmente em 88 milhões de pessoas, com um aumento de um bilhão de terráqueos a cada 14 anos... Para 2040 se espera atingir os 9 bilhões...
E nesta triste situação em que se encontra atualmente a Humanidade, um dilema crucial tem de ser enfrentado: ou a população mundial pára de crescer e se entra rapidamente num modo sustentado de desenvolvimento sócio-econômico, perseguindo o ideal crescimento zero ou a Terra, cada vez mais exaurida e degradada, será certamente e em breve, palco de terríveis guerras fratricidas, em busca do domínio sobre o pouco que resta da Natureza e do planeta: água potável cada vez mais escassa; terras desertificadas e sem matas; florestas derrubadas para abertura de pastagens e agricultura; mares, rios e lagos poluídos e sem vida; animais e plantas silvestres eliminados; atmosfera cada vez mais aquecida e com gases quase irrespiráveis; recursos naturais esgotados e sem substituto...
Neste trágico e aterrador espetáculo do mundo atual, com os seres humanos constantemente lutando e singrando na sua eterna busca da riqueza e do bem-estar, aparecem os profetas da mentira política, os arautos das falsas promessas poéticas, os difusores das fáceis e miraculosas teorias: assim se defendeu o franciscanismo como solução para a miséria e injustiça, com esmolas e renúncia aos bens e ao bem-estar; se propalou o comunismo como solução para todas as desgraças humanas, o qual também prometia acabar com a pobreza mas na verdade transformando todos em pobres; se desenvolvem ainda hoje medidas assistencialistas e distribuitivas, sem resultados práticos no desenvolvimento geral; se conservam estatizadas e nacionalizadas as economias, mantendo-as ineficazes e corruptas; se culpam os elementos externos, os "estrangeiros imperialistas" pelas falhas e erros dos próprios povos; se aceita a geração exagerada de filhos por famílias que não têm possibilidades de manutenção dessas enormes proles; se acena para as massas famintas e desempregadas com soluções mal explicadas e miraculosas, que aparentemente podem ser rápida e facilmente atingidas sem os necessários sacrifícios de trabalho sério, pesado e constante...
Até hoje, nenhum país que aplicou os métodos marxistas na economia e no social, deu certo! O comunismo foi, comprovado por milhões de pessoas em dezenas de países, um fracasso total mundial.
Assim, com essas mirabolantes teorias políticas, baseadas numa visão poética e irreal da vida e do Homem, com "achismos" miraculosos e comprovadamente errados, continuaremos no atoleiro de sempre, aguardando a solução vinda do nosso exterior, de algum ser extra-terrestre, bondoso e misericordioso...
No entanto, se quisermos desenvolver o Brasil, teremos de enfrentar a realidade como ela é e não como desejaríamos que fosse, teremos de mudar inicialmente a mentalidade do povo brasileiro, mudando os princípios distribuitivos e franciscanos em que ele acredita, difundindo os métodos científicos de abordagem, procurando na experimentação real a prova das teorias desenvolvidas, aplicando o sistema da qualidade total como modo de gerenciamento, produção e ação, mudando para a atitude pragmática, produtiva, liberal e científica o modo de pensar das nossas gentes: para se equacionar um problema, inicialmente se experimenta a proposta estudade; se não dá certo, com coragem, mudemos de rumo, corrijamos os processos, não persistamos teimosamente no erro e na preguiça da mudança...
O próprio presidente Lula disse há pouco, que muita coisa que ele fez como deputado constituinte, estava errado e que "...a Constituição de 1988 está atravancando o desenvolvimento do Brasil". O Presidente FHC também disse algo semelhante, como o disseram muitos outros conhecedores da matéria, como Sarney...
Temos de começar o mais depressa possível essa transformação da mentalidade do povo, nas escolas, nas fábricas, nos campos, pois quanto mais tarde pior será... Sabemos que é um trabalho insano, mas um dia tem de ser iniciado...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

A mentalidade brasileira

Alguém já disse que "se quisermos mudar um país, temos de mudar a mentalidade do seu povo..." e também "Se quisermos mudar a mentalidade de um povo temos de mudar os princípios em que ele acredita"...
Assim dentro deste raciocínio, chegamos à seguinte pergunta: o Brasil como se encontra atualmente, hoje, está aceitável para nós brasileiros ou precisa mudar, melhorar?
Aos que pensam que o Brasil como está é aceitável, que não há muito a corrigir, então podem deixar esta leitura; mas aqueles que, por outro lado, acham que o Brasil precisa mudar, que necessita se adapotar ao mundo atual e procurar se desenvolver de modo a se aproximar dos países da linha da frente, então aqui é o seu lugar.
Antes de se definir o que precisa ser mudado, é necessário analisar a vida normal dos cidadãos e procurar os erros de conduta, o porquê deles e e então procurar corrigir essas falhas.
Procuraremos aqui, em linguagem acessível à maioria, definir como estamos hoje, o que há para mudar e como vamos corrigir.
Antes de nos embrenharmos nos fatos, é importante aqui definir que quando se fala em mentalidade de um pais, nos referimos a médias gerais, a opiniões com índices de existência em volta dos 80/90%, a opiniões difundidas na massa da população, sempre se sabendo que haverá muitas exceções e variantes dessa mentalidade central admitida.

O pensamento escolástico

Quais são as principais características do pensamento escolástico?
Não nos aprofundaremos aqui nas origens desse pensamento medieval nem procuraremos entrar nos seus posteriores desenvolvimentos com base nas contribuições das filosofias de Aristóteles e de S.Tomás de Aquino, pois nesses temas há uma enorme bibliografia disponível, incluso na Internet.
Para nós será suficiente definir os principais pontos da mentalidade escolástica que ainda hoje interferem e conduzem o modo de pensar do brasileiro médio.
O homem escolástico considera Deus como origem e futuro de tudo, acredita que o Universo foi criado por Deus e que Ele tudo controla. É um crente e não discute a sua crença.
Essa mentalidade, considerada uma variante do pensamento religioso, se caracteriza como aquela em que a presença de Deus é total e rege completamente todo o pensamento, que tudo vem de Deus e tudo é causado pela vontade divina.
Aqui já começa um desvio, pois se considera vindo de Deus somente o que é bom, já que o que é mau, é simples e imediatamente considerado obra do Diabo. Por exemplo, se alguém com perigo de vida, sofre uma cirurgia difícil mas com bom sucesso, esse resultado positivo é considerado uma benção recebida de Deus, diretamente ou através da interferência de algum dos santos. As pessoas dizem que foi "graças a Deus" que a pessoa se salvou da morte; mas se essa cirurgia não teve bom sucesso, se o paciente morre na mesa de cirurgias, então a culpa é do médico, do hospital ou do Diabo em pessoa... Porque não se dizer, com lógica escolástica, que "foi graças a Deus que o doente morreu"...
No entanto a mentalidade religiosa cristã tem diversas vertentes, sendo a preponderante atualmente nos países católicos a do pensamento franciscano. As bases características do franciscanismo vêm de muito tempo antes de Cristo, com nítidas influências dos ensinamentos budistas. Buda foi uma pessoa rica e que se despojou de todas as riquezas e andou pela Índia, 600 anos antes de Cristo, difundindo o caminho da pureza e do paraíso, através do abandono do egoísmo e da inveja. São Francisco fez o mesmo, também abandonou as riquezas familiares e se envolveu na vida dos pobres e desventurados, indicando um caminho de purgação e de despojo dos bens terrenos com o objetivo essencial de atingir a purificação para entrar no Paraiso, numa cópia da suposta vida de pobreza de Cristo...
A realidade da vida mostra-nos que a vontade de obter bens e vantagens é inerente ao Homem, que limitar esses objetivos só pode levar à hipocrisia... Quanto maiores são as limitações que negam a realidade humana, maior a falsidade e a hipocrisia que permeiam essas sociedades repressoras...
Normal e naturalmente, todos nós desejamos e buscamos a riqueza e o bem-estar, bons carros, boas escolas para os filhos, bons salários, boa moradia, serviços de saúde eficazes e segurança nas ruas, e tudo isso se possível sem esforço, ou pelo menos, com o menor esforço possível... Na realidade todos nós buscamos o Paraíso, o gozo dos bens terrenos, embora alguns pensem na continuidade desse gozo para mais tarde, eternamente, mesmo depois da morte.
Cabe aqui lembrar as palavras elucidativas dum dos expoentes dessa mentalidade religiosa franciscana, a Madre Teresa de Calcutá, quando ela, respondendo às indigações de jornalistas, porque razão ela se comportava assim tão desinteressadamente dos bens da vida, tratando doentes e aleijados, dizia ela: "Espero só que Deus se lembre destas ações minhas quando eu me apresentar diante dele...". Não está aqui claro e inteligível o interesse dela nos bens divinos, numa vida eterna feliz, num pagamento supostamente justo pelo sofrimento passado aqui na Terra?
Um dos males da religião está exatamente nessa promessa de recompensa divina, após a morte, pelos sofrimento e boas ações realizados aqui durante a vida... Afinal o religioso faz o bem porque acha que deve fazê-lo como sua obrigação de cidadão e humano, ou pensando numa recompensa divina "pos mortem"? Não demonstra isso um egoismo interesseiro, uma atuação hipócrita e ilógica?