sexta-feira, 25 de maio de 2007

A mentalidade comum está certa?

"Para se mudar o futuro de um povo temos de mudar a sua mentalidade e os princípios em que ele acredita..." Jean Jacques Rousseau.
Desde tempos imemoriais, a Humanidade vinha crescendo lenta e ecologicamente equilibrada, na procura da sua sobrevivência, buscando vencer as muitas dificuldades terrenas, perseguindo a melhoria da vida e a solução do problema capital-trabalho-resultados, mas sem grandes avanços...
A vida na Terra sempre foi muito difícil e sofrida, cheia de obstáculos e precariedades, com lutas contra os animais ferozes, com as fatais doenças e epidemias, as mortíferas fomes, as eternas guerras entre os povos, as violentas tempestades, tremores de terra, raios e enchentes, a inexistência de segurança perante os mais agressivos e fortes, etc. Na quase total ignorância dos fenômenos naturais, no desespero das derrotas e na falta de explicações perante os fatos, os homens procuraram desvendar a realidade do mundo, criando pesadas e complicadas estruturas idealistas, construíram ilusórias revelações politeístas e milagrosas, desenvolveram misteriosas teologias com paraísos somente atingíveis depois de uma vida de sofrimento e após a morte...
Com o tempo foram assim se desenvolvendo e difundindo paradigmas até hoje muito vivos, como a solução da miséria pela distribuição das riquezas existentes, o ódio aos ricos e aos bem sucedidos, a inveja como reação perante as vitórias dos vizinhos, a hipocrisia como defesa contra a violência e a opressão, a falsidade como meio sorrateiro de conseguir vantagens e progresso na vida, o populismo como manipulação das massas humanas...
Foi somente há pouco mais de 300 anos, com o fantástico desenvolvimento e a sistemática aplicação dos métodos científicos para solução dos problemas humanos que, pouco a pouco, se vislumbrou a possibilidade de criarmos um verdadeiro Paraíso aqui mesmo na Terra, onde vivemos e nos multiplicamos... O Paraíso possível, se todos quiséssemos...
No entanto, com todas essas grandes vitórias da Ciência sobre os males naturais, com a difusão das vacinas, da higiene, da medicina e da farmacologia, um novo problema e sim este extremamente grave, surgiu: o crescimento predatório e anti-ecológico da população, a explosão demográfica não sustentável da Humanidade...
Depois de milhões e milhões de anos de lento e equilibrado desenvolvimento, a população mundial atingiu os 250 milhões no tempo de Jesus Cristo, o primeiro bilhão por volta do ano 1800; e hoje, somente duzentos anos depois, atingimos a incrível quantidade dos 6,5 bilhões de seres humanos... E continuando a crescer como estamos, anualmente em 88 milhões de pessoas, com um aumento de um bilhão de terráqueos a cada 14 anos... Para 2040 se espera atingir os 9 bilhões...
E nesta triste situação em que se encontra atualmente a Humanidade, um dilema crucial tem de ser enfrentado: ou a população mundial pára de crescer e se entra rapidamente num modo sustentado de desenvolvimento sócio-econômico, perseguindo o ideal crescimento zero ou a Terra, cada vez mais exaurida e degradada, será certamente e em breve, palco de terríveis guerras fratricidas, em busca do domínio sobre o pouco que resta da Natureza e do planeta: água potável cada vez mais escassa; terras desertificadas e sem matas; florestas derrubadas para abertura de pastagens e agricultura; mares, rios e lagos poluídos e sem vida; animais e plantas silvestres eliminados; atmosfera cada vez mais aquecida e com gases quase irrespiráveis; recursos naturais esgotados e sem substituto...
Neste trágico e aterrador espetáculo do mundo atual, com os seres humanos constantemente lutando e singrando na sua eterna busca da riqueza e do bem-estar, aparecem os profetas da mentira política, os arautos das falsas promessas poéticas, os difusores das fáceis e miraculosas teorias: assim se defendeu o franciscanismo como solução para a miséria e injustiça, com esmolas e renúncia aos bens e ao bem-estar; se propalou o comunismo como solução para todas as desgraças humanas, o qual também prometia acabar com a pobreza mas na verdade transformando todos em pobres; se desenvolvem ainda hoje medidas assistencialistas e distribuitivas, sem resultados práticos no desenvolvimento geral; se conservam estatizadas e nacionalizadas as economias, mantendo-as ineficazes e corruptas; se culpam os elementos externos, os "estrangeiros imperialistas" pelas falhas e erros dos próprios povos; se aceita a geração exagerada de filhos por famílias que não têm possibilidades de manutenção dessas enormes proles; se acena para as massas famintas e desempregadas com soluções mal explicadas e miraculosas, que aparentemente podem ser rápida e facilmente atingidas sem os necessários sacrifícios de trabalho sério, pesado e constante...
Até hoje, nenhum país que aplicou os métodos marxistas na economia e no social, deu certo! O comunismo foi, comprovado por milhões de pessoas em dezenas de países, um fracasso total mundial.
Assim, com essas mirabolantes teorias políticas, baseadas numa visão poética e irreal da vida e do Homem, com "achismos" miraculosos e comprovadamente errados, continuaremos no atoleiro de sempre, aguardando a solução vinda do nosso exterior, de algum ser extra-terrestre, bondoso e misericordioso...
No entanto, se quisermos desenvolver o Brasil, teremos de enfrentar a realidade como ela é e não como desejaríamos que fosse, teremos de mudar inicialmente a mentalidade do povo brasileiro, mudando os princípios distribuitivos e franciscanos em que ele acredita, difundindo os métodos científicos de abordagem, procurando na experimentação real a prova das teorias desenvolvidas, aplicando o sistema da qualidade total como modo de gerenciamento, produção e ação, mudando para a atitude pragmática, produtiva, liberal e científica o modo de pensar das nossas gentes: para se equacionar um problema, inicialmente se experimenta a proposta estudade; se não dá certo, com coragem, mudemos de rumo, corrijamos os processos, não persistamos teimosamente no erro e na preguiça da mudança...
O próprio presidente Lula disse há pouco, que muita coisa que ele fez como deputado constituinte, estava errado e que "...a Constituição de 1988 está atravancando o desenvolvimento do Brasil". O Presidente FHC também disse algo semelhante, como o disseram muitos outros conhecedores da matéria, como Sarney...
Temos de começar o mais depressa possível essa transformação da mentalidade do povo, nas escolas, nas fábricas, nos campos, pois quanto mais tarde pior será... Sabemos que é um trabalho insano, mas um dia tem de ser iniciado...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

A mentalidade brasileira

Alguém já disse que "se quisermos mudar um país, temos de mudar a mentalidade do seu povo..." e também "Se quisermos mudar a mentalidade de um povo temos de mudar os princípios em que ele acredita"...
Assim dentro deste raciocínio, chegamos à seguinte pergunta: o Brasil como se encontra atualmente, hoje, está aceitável para nós brasileiros ou precisa mudar, melhorar?
Aos que pensam que o Brasil como está é aceitável, que não há muito a corrigir, então podem deixar esta leitura; mas aqueles que, por outro lado, acham que o Brasil precisa mudar, que necessita se adapotar ao mundo atual e procurar se desenvolver de modo a se aproximar dos países da linha da frente, então aqui é o seu lugar.
Antes de se definir o que precisa ser mudado, é necessário analisar a vida normal dos cidadãos e procurar os erros de conduta, o porquê deles e e então procurar corrigir essas falhas.
Procuraremos aqui, em linguagem acessível à maioria, definir como estamos hoje, o que há para mudar e como vamos corrigir.
Antes de nos embrenharmos nos fatos, é importante aqui definir que quando se fala em mentalidade de um pais, nos referimos a médias gerais, a opiniões com índices de existência em volta dos 80/90%, a opiniões difundidas na massa da população, sempre se sabendo que haverá muitas exceções e variantes dessa mentalidade central admitida.

O pensamento escolástico

Quais são as principais características do pensamento escolástico?
Não nos aprofundaremos aqui nas origens desse pensamento medieval nem procuraremos entrar nos seus posteriores desenvolvimentos com base nas contribuições das filosofias de Aristóteles e de S.Tomás de Aquino, pois nesses temas há uma enorme bibliografia disponível, incluso na Internet.
Para nós será suficiente definir os principais pontos da mentalidade escolástica que ainda hoje interferem e conduzem o modo de pensar do brasileiro médio.
O homem escolástico considera Deus como origem e futuro de tudo, acredita que o Universo foi criado por Deus e que Ele tudo controla. É um crente e não discute a sua crença.
Essa mentalidade, considerada uma variante do pensamento religioso, se caracteriza como aquela em que a presença de Deus é total e rege completamente todo o pensamento, que tudo vem de Deus e tudo é causado pela vontade divina.
Aqui já começa um desvio, pois se considera vindo de Deus somente o que é bom, já que o que é mau, é simples e imediatamente considerado obra do Diabo. Por exemplo, se alguém com perigo de vida, sofre uma cirurgia difícil mas com bom sucesso, esse resultado positivo é considerado uma benção recebida de Deus, diretamente ou através da interferência de algum dos santos. As pessoas dizem que foi "graças a Deus" que a pessoa se salvou da morte; mas se essa cirurgia não teve bom sucesso, se o paciente morre na mesa de cirurgias, então a culpa é do médico, do hospital ou do Diabo em pessoa... Porque não se dizer, com lógica escolástica, que "foi graças a Deus que o doente morreu"...
No entanto a mentalidade religiosa cristã tem diversas vertentes, sendo a preponderante atualmente nos países católicos a do pensamento franciscano. As bases características do franciscanismo vêm de muito tempo antes de Cristo, com nítidas influências dos ensinamentos budistas. Buda foi uma pessoa rica e que se despojou de todas as riquezas e andou pela Índia, 600 anos antes de Cristo, difundindo o caminho da pureza e do paraíso, através do abandono do egoísmo e da inveja. São Francisco fez o mesmo, também abandonou as riquezas familiares e se envolveu na vida dos pobres e desventurados, indicando um caminho de purgação e de despojo dos bens terrenos com o objetivo essencial de atingir a purificação para entrar no Paraiso, numa cópia da suposta vida de pobreza de Cristo...
A realidade da vida mostra-nos que a vontade de obter bens e vantagens é inerente ao Homem, que limitar esses objetivos só pode levar à hipocrisia... Quanto maiores são as limitações que negam a realidade humana, maior a falsidade e a hipocrisia que permeiam essas sociedades repressoras...
Normal e naturalmente, todos nós desejamos e buscamos a riqueza e o bem-estar, bons carros, boas escolas para os filhos, bons salários, boa moradia, serviços de saúde eficazes e segurança nas ruas, e tudo isso se possível sem esforço, ou pelo menos, com o menor esforço possível... Na realidade todos nós buscamos o Paraíso, o gozo dos bens terrenos, embora alguns pensem na continuidade desse gozo para mais tarde, eternamente, mesmo depois da morte.
Cabe aqui lembrar as palavras elucidativas dum dos expoentes dessa mentalidade religiosa franciscana, a Madre Teresa de Calcutá, quando ela, respondendo às indigações de jornalistas, porque razão ela se comportava assim tão desinteressadamente dos bens da vida, tratando doentes e aleijados, dizia ela: "Espero só que Deus se lembre destas ações minhas quando eu me apresentar diante dele...". Não está aqui claro e inteligível o interesse dela nos bens divinos, numa vida eterna feliz, num pagamento supostamente justo pelo sofrimento passado aqui na Terra?
Um dos males da religião está exatamente nessa promessa de recompensa divina, após a morte, pelos sofrimento e boas ações realizados aqui durante a vida... Afinal o religioso faz o bem porque acha que deve fazê-lo como sua obrigação de cidadão e humano, ou pensando numa recompensa divina "pos mortem"? Não demonstra isso um egoismo interesseiro, uma atuação hipócrita e ilógica?